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Автор книги: Marcos Sassungo


Жанр: Современная зарубежная литература, Современная проза


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–És tu que queres encarar o meu amigo?

Marquitos levantou com a força de um tigre e, agarrou o tipo, suspendeu-o no ar e largou. A força de gravidade atraiu o corpo do tipo ao chão e naquele barulho louco e exagerado, ele pegou numa vara e o bateu, e bateu em todos os que estavam a aproximar-se. Ele ficou tão nervoso que ninguém o conseguiu deter. Quando eles viram que o tipo estava no chão, todos saíram, correndo sem olhar para atrás. E por causa disso o grupo obteve grande admiração e respeito por todos os outros grupos, pois chegou aos ouvidos de muita gente.

O grupo de Batinho correu e correu.

– Eles já não estão atrás de nós. – Disse o Mussungo. Mas quem provocou afinal de contas. – Perguntou o Putsom.

– Foi o Juzi. – Disse o Marquitos e com uma voz ofegante, acrescentou: “foi ele mesmo que me encontrou e reclamou o porquê que eu estava a olhar para ele. E nem sequer para ele eu estava a olhar. Estava é a olhar para a Jéssica, meu…. – Disse o Marquitos.

– Meu, amanhã é aula e eles vivem na rua da Malhação, no São José. Eu estudo no Dangereux e vocês que estudam na baixa estão tramados. Agora vamos bazar. – Disse o Dosversos.

– Olhem, é o seguinte, pessoal, amanhã vocês fiquem calmos. Não digam nada e se eles quiserem uma briga, eles terão uma briga. Apenas fiquem calmos. A nossa reacção vai ser mediante a atitude deles. Firmado? Ao contrário da polarização e despolarização, usaremos o método da retroalimentação. Só daremos o troco ao preço que eles nos derem.

– É verdade, Putsom. Nem mais. Somos um grupo e estamos juntos nisto. – Disse Batinho.

– Vamos bazar, não tenham medo.

Na mesma noite daquele dia de domingo, quando tudo acontecia de um lado, de outro lado o Sr.Rafael convidou a Sra. Esmeralda. Estavam a olhar o céu azul que banhava a lua e as estrelas.

– Porque estás chorando, amor? – Perguntou o Sr. Rafael.

– Eu não estou a chorar, amor, estou… estou apenas emocionada com o que você fez hoje. Ao declarar aquelas palavras na frente dos nossos filhos e convidados, fez-me sentir a mulher mais amada. Eu nunca me senti assim. Você traduz para mim segurança, amor e fé, apesar dos danos emocionais que eu ja causei a si. Obrigado, Rafael, por me amar tanto assim e eu sei que devo isso a Deus, que trouxe você para mim. Eu estava com medo de que nunca encontraria alguém que me amasse tanto e, ao orar a Deus, ele respondeu à minha oração. Eu amo-o, Rafael. Nunca se esqueça disso.

– Esqueça o que aconteceu no passado. Lembranças negativas merecem ser apagadas das nossas memórias. Por agora, lembre que eu o amo, entendeu? Eu amo-a, querida. Você é meu pedaço do céu. Agora deixe eu limpar essas lágrimas, filha. Não chore, estás segura aqui nos meus braços e, Deus sabe disso porque ele está aqui também em nossa companhia.

– Lembrou-se de quando eu tentei entregar-lhe a carta e..

– E…. eu rejeitei.

– Isso… a rejeitou. O guarda da escola viu e me disse uma coisa que até hoje não esqueci e talvez seja a razão de eu ter insistido ainda mais em si.

– O que ele disse?

– Ele pousou o braço sobre si e disse, olhando nos meus olhos: “filho, quem tudo por amor faz, não se cansa, não sente a dor da rejeição. Não desiste. Não cala diante das dificuldades. Na escola da vida a rejeição é inevitável, mas amar alguém é uma opção consciente e exige sacrifício, dor e paciência. E tu precisas sentir o amor não apenas no corpo, mas na alma. Olhe para Jesus, pois, Ele não desiste quando O rejeitamos, não se cansa quando nós O abandonamos. Pelo contrário, Ele nos declara todos os dias que nos ama, que sente a nossa falta e que na cruz Ele pagou o preço dos pecados e por esse sentimento, e por esse amor Ele ainda nos propõe fazer outras coisas, se em algum dia desses O permitirmos, O aceitarmos. Você ama essa mulher que acabou de entrar agora? – Perguntou ele a mim.

– Sim, senhor. – Respondi eu.

– Então, não desista, filho. Corra atrás da mulher que ama; declare todos os dias que você a ama e que não viveria completamente feliz sem ela. É que o seu desejo e destino, ou melhor, a sua tarefa, a tarefa que Deus lhe delegou aqui na terra é amar ela e que sair do mundo sem ter feito isso seria uma dívida imensa. Seja forte e corajoso. Deus é consigo e preocupa-se consigo, preocupa-se com quem será a sua companheira. E se perceber que é ela, então corra. Não desista. E sabe, Esmeralda, foi assim que eu olhei para mim mesmo e disse: “eu vou conseguir. Agradeço ao senhor guarda pois, acreditei na fé e no amor de Deus que me amou primeiro. E hoje olho para si, mesmo com esses anos todos… você e continua a ser a mesma garota de sempre. Linda, amável, respeitosa, carinhosa. Você trouxe-me mais perto de Deus e eu amo-a como Ele me ama. É um mandamento que Ele me deu e olha que eu me tenho esforçado por cumprir… mas saiba que não é uma obrigação, é um prazer imenso poder estar ao seu lado, Esmeralda.

Hahahaha, amor, que fofinho! Eu também a amo.

– Olha para aquelas estrelas?

– Quais?

– Aquelas perto da lua.

– Sim, amor.

– Saiba que eu sempre vou amá-la e brilhar como elas, ao seu lado.

– Mas graças a Deus, você insistiu e não velou pela minha mania ou atitude rude. Você perdoou-me. Eu não sabia e nem tinha como ter a certeza. Só sei que eu orava muito por si e todas as vezes que me abordasse, eu ficava diferente e então eu decidi orar a Deus e receber Dele um sinal de que era você mesmo a pessoa com quem dividiria a minha vida. Eu não queria um homem rico, eu queria um homem que me amasse, um homem que me desse atenção e respeito como mulher. Eu queria um homem de Deus. Obrigada, Rafael por ter acreditado em mim. Agora, por favor, vamos para casa. Está frio, aqui.

– Está frio mesmo, querida… Vamos para casa.

Quando eles chegaram de volta a casa, o Sr. Rafael percebeu o barulho que vinha do portão.

– Quem é a essa hora?

– Eu pai. – Disse Batinho.

– Por onde andavas para chegares a essa hora da madrugada, filho?

– Pai eu estava…

– Não me mintas. Diz a verdade, filho.

– Eu estava… com os amigos aí na rua.

– Na rua, agora?! Tu não te meteste em problemas de novo, não?

– Não pai, não me meti em problemas.

– Meu filho, vem cá e dá-me um abraço. E obrigado pelo abraço. Agora olha para o céu e diga-me, filho: “O que vês?”

– O céu, pai.

– Sim, eu sei que é o céu, mas o que tu vês, exactamente, no céu?

– A lua, as estrelas, umas maiores que outras… e cada uma com um brilho próprio, mas nenhuma dessas ganha o brilho do luar.

– Bela descrição, filho. Sê bem-vindo ao universo. Sê bem-vindo ao planeta terra. Onde diferentes seres habitam de maneira e forma diferentes. Não importa o brilho que tu podes ter, haverá sempre alguém a brilhar mais do que tu, mas nem por isso tu precisas deixar de brilhar. Porque o teu brilho é único e ímpar. Então não deixes de brilhar. Na escola da vida, tu precisas de ter muito cuidado não com os vegetais ou outros animais. E suspirou o Sr. Rafael.

– Do que preciso ter cuidado, pai? – Perguntou Batinho.

– Tu precisas de ter cuidado com o homem. Porque ele é o ser mais simples que existe, mas o mais complexo da natureza. Meu filho, tu estás a crescer e precisas de saber que na tua vida, muitas vezes eu não estarei presente para impedir que tu te magoes ou chores. E as chicotadas que eu e tua mãe te demos não vão doer mais que as chicotadas que a vida vai dar-te. Sê forte e corajoso. Procure o máximo possível não te meteres em problemas. Mas nunca dês as costas aos problemas; elas virão a ti para que os resolvas, para que os soluciones. Seja bem-vindo ao planeta terra, porque aqui o homem chora de dor, chora de alegria, chora de desespero, chora de angústia e chora pela morte que é o fim de tudo. Sê forte e corajoso! Respeita a tua mãe, respeita-me, porque sou teu pai e não abandones a Deus em nenhum momento da tua vida. Não concorras na tolice dos teus amigos, mas te endireites na presença de Deus. Eu não te vou dar nenhuma palmada, pois já és adulto o suficiente e a vida vai convidar-te a viver situações diferentes. Apenas ouve o que eu te digo, não abras mão de Deus.

– Obrigado, pai. E desculpa por eu não ter despedido.

– Está bem, filho. Estás desculpado. Mas lembra-te que eu te amo.

– Eu também te amo, pai. Obrigado por ser tão cuidadoso comigo.

– Dá um beijo, filhão.

– Iiiii! Pai, olha, eu tenho algo a dizer-te.

– Diz, meu filho.

– Pai, eu estou a gostar muito de uma amiga minha, mas ela é que não sabe.

– Onde ela vive?

– Bem, ela vive no bairro do São João.

– Tem-na visto? Conversas com ela, frequentemente?

– Bem, eu falava com ela, muitas vezes, mas ela viajou para Alemanha e soube de que ela voltou.

– Bom, filho. E ela ligou-te?

– Não, pai, ela não me disse nada. Apenas fui informado pela Irmã do Putsom sobre a sua chegada.

– Ok. Isso significa…

– Significa o quê, pai?

– Tem duas variantes: ou ela quer fazer-te uma surpresa ou para ela, tu, simplesmente, deixaste de existir. Mas o que te aconselho, é, seja natural, amanhã. Não te emociones e não te aproximes muito e isso vai dar-te a oportunidade de te sentires mais à vontade em falar dos teus sentimentos. Tu ama-la?

– Sim, pai. Embora seja prematuro afirmar, mas acho que sim, pai.

– Está bem, filhão, não pode haver dúvidas sobre isso. Deve-se estar firme e convicto nos sentimentos, mas sê forte e corajoso. Demonstra isso. Declara isso para ela e diz o quanto a amas. Mas prepara o teu coração para a jornada mais tenebrosa que é o amor. Onde só os fortes ficam e os fracos desistem.

Quando encontrei a tua mãe eu descobri-me e percebi que por ela valia a pena lutar, porque todas as vezes que eu olhava para ela na faculdade, ela tinha um brilho diferente. Um brilho que não se via em nenhuma outra mulher e todas as vezes que a tua mãe mostrasse uma atitude que me descontentava, eu orava para que não perdesse o brilho daquele olhar e até hoje esse brilho não pára e está cada vez mais a brilhar desde o dia em que a conheci, quando ainda éramos adolescentes.

– O pai ama de verdade a mãe e isso eu percebo. Inclusive a Vanda falou disso na festa. É realmente lindo.

–É, filho, eu amo a tua mãe. Agora é tua vez de encontrar alguém e amá-la de verdade, campeão. Não é fácil, mas nunca perderemos nada, se amarmos alguém. Agora vai descansar.

– Obrigado pai. Até amanhã.

– Até amanhã, filhão.

Capítulo II
O Desastre do Amor

"No mercado da vida, os homens são convidados e desafiados a sonhar… O sonho desafia o homem a vencer a dor, a lágrima e o punhal do sofrimento. O sonho desafia o homem a treinar o seu eu para formação do seu carácter e personalidade. Os sonhos maltratam homens sonhadores de sonhos. Alguns bons e outros ruins…"


O silêncio reinou, naquela noite de quinta-feira, e, sob a ordem da luz escura negra, à simpatia da lua cheia. Não houve gritos de nenhum animal sequer, excepto o dos grilos, que interrompiam a beleza do silêncio daquela noite trôpega. A noite estava tão abstratamente bela quanto o país das maravilhas no mundo da Alice. Um luar cheio de brilho e pacato. Pela janela, tudo se podia ver. Eram duas da manhã de sexta-feira, quando eu me pus em pé e, silenciosamente, convidei a porta a abrir sob total silêncio e fiquei no claustro do quintal sob um olhar atento ao luar e às estrelas que não paravam de concorrer no brilho; uma brilhando melhor que a outra. O silêncio, enfim amadureceu os meus pensamentos e na minha imaginação nasceu os feixes da sua imagem Santa. Ela estava vagando nos meus pensamentos e a busquei propositadamente para tornar aquele momento mais hipoteticamente romântico. Indubitavelmente, o espaço se tornou o lugar mais romântico que eu já tive. Cheio de um brilho e com uma coragem romântica. Emaranhado e num mundo fantasticamente de paixão a cor Preto e Branco, construí arquitetonicamente um plano de poder declarar-me. Foi a ideia mais absurda que eu já tive. E saber que aconselhei o meu amigo Batinho a fazer o mesmo, perdi-me na minha própria ideia, e no meu próprio princípio. Enfim, estava perdido no deserto dos meus pensamentos triturados com aquela ideia oca. E percebi que no mercado da vida, os homens são convidados e desafiados a sonhar e o sonho desafia o homem a vencer a dor, as lágrimas e o punhal do sofrimento. O sonho desafia o homem a treinar o seu eu para formação do seu carácter e personalidade. Os sonhos maltratam homens sonhadores de sonhos. Alguns bons e outros ruins. Mas a verdade é que nenhum sonho é completamente ruim, se formos capazes de alimentá-lo com a dor do compromisso e com o sofrimento da persistência. Um sonho é uma semente; ela precisa de todas as condições suficientes para brotar, crescer e dar frutos. Eu tenho várias sementes de sonhos como qualquer um. Por isso, não sei ao certo quem eu me tornarei de verdade ou a que status responderei nessa casa universal; médico, advogado, engenheiro, escritor, cantor. Eu não sei. Naquele momento, procurei, de alguma maneira, convidar a minha atenção a lei de Newton; toda força quando aplicada a um corpo, provoca deslocamento e o deslocamento consumado, gera trabalho, logo, a força aplicada será nula, se não houver deslocamento e todo um sonho, precisa de uma força que quando aplicada, o mova, o desloque, o empurre para as alturas da vida igual a uma águia e a realização de qualquer sonho é nula, se não houver um desejo autodiegético ou ainda se os esforços aplicados a eles forem igual a zero. Por isso, todo homem devia ter um mentor. Qual é o meu sonho? O que realmente preciso fazer para movê-lo? Qual é o propósito da minha vida nessa casa universal? Uma coisa eu tinha a certeza naquele momento, a Santa era a mulher que tornaria o meu coração mais adolescente. Conheci-a há dois anos e até agora ainda vivo corrompido com a tentação de a conquistar. E amanhã começam as aulas, o que farei? Já lá se passaram dois anos e eu nunca tive a oportunidade de dizer a ela o que há muito tempo se formou dentro de mim. Convivo com esse apêndice, com esse nódulo que contraria o metabolismo normal da minha cárdia e, dessa vez, vou tentar ser mais ousado ainda. Voltei enfim ao meu quarto, na minha cama, ali, onde eu ensaio todos os dias o silêncio da morte.

E pela manhã, a minha mãe, do paladar daquele silêncio delongo, e com a voz a nascer de uma nota musical, tocou-me:

– Tino, acorda, levanta-te, homem. São seis da manhã. É teu primeiro dia, precisas de chegar mais cedo à escola.

– Obrigado, mãe.

– Então, filho, como tu passaste a noite?

– Ansioso com o meu primeiro dia de aula na escola. E você, Mamusca, como está?

– Graças a Deus passei bem cassule. Seu pai disse-me que ontem chegaste tarde… filho…meu primogênito, não cresças tão rápido. Pare de sair ou vir a casa fora do horário. O mundo é grande e tu não precisas de pegar tudo o que tem nele.

– Mas, mãe, estive ontem com o Batinho, peço desculpas, não vai voltar a acontecer. Eu prometo.

– Eu sei que sim, meu filho. Tu alegraste meu coração quando nasceste. Eras tão pequeno que pensei que alguma coisa mal haveria de acontecer. Orei a Deus para que me devolvesse a ti. Eras tão pequeno e escondido do mundo. Agora que cresceste, filho, por favor, cuida da tua vida por mim. Na rua ou na escola, lá a onde eu não te poder proteger ou cuidar, por favor, ajuda-me a cuidar de ti.

– Está bem, mãe. Não precisas de ficar triste, mãezinha. E quer saber?

– O que filho?

– Eu amo-te, Mamusca.

– Eu também te amo, meu bonequinho lindo… bujujo da mamãe.

– Mãe!? Eu já não sou bebê…

– Rsrs, está bem, meu filho.

– Mas o café já está na mesa? Perguntou o Sr. Américo, pai do Tino.

– Mãe, o pai quer saber se o café está pronto.

– Está sim, amor. Respondeu a minha mãe com uma voz alta e acresceu: “filho, vai lá, faz companhia ao teu pai na mesa.

– Mãe, eu não posso tomar café.

– Eu sei, filho. Para ti, há leite e fiambre na geladeira.

– Está bem, mãe.

– Agora vai, antes que esfrie.

– Está bem, mãe. Pai, dás-me uma carona?

– Claro filho, coma calmamente, que eu te espero, ok?

– Está bem, pai.

O Tino levantou-se, despediu-se da mãe e dos irmãos e aproveitou a boleia do Sr. Américo. Pela estrada, vários feixes de pensamentos cruzaram as ideias do Tino. A conversa com o pai no dia anterior, a confusão provocada pelo Marquitos, o pastor na igreja, o vizinho que pedia ajuda, a música que tocava pelo rádio no carro etc. Mas dentre todos eles, o pensamento que mais governava a sua atenção naquele momento foi o de Santa.

A distância não diminui a importância. És especial. No claustro do salão dos meus pensamentos, no lugar mais claro perguntei-me: Como alguém pode provocar tantos sentimentos mesmo estando longe? Por que você teve que morar tão longe e viver tão dentro de mim? O tempo me alistou a fila de espera à um diagnóstico conclusivo, depois de tão longos e dolorosos exames. O conclusivo diagnóstico deu positivo a “deepfeeling in Love”. Feliz ou infelizmente, estudos revelam que em 100 pessoas afectadas, apenas 10 % delas vivem a felicidade como resultado do mesmo vírus e 90 % delas são infelizes por não haver compatibilidade. Nesse momento, considero-me objecto de estudo dessa pesquisa. Estou tecnicamente infectado de paixão e você pressupõe o antídoto Sanguita. E para sempre é muito tempo, mas eu não me importaria de passar ao seu lado… a eternidade. Acabei de provar que de longe também se ama, pois o verdadeiro amor é uma opção consciente e livre do medo e do fracasso. Ficar longe de ti, está cada dia mais insuportável. A distância nos impede de beijar, abraçar, mas nunca de amar. Para alguns, amar é uma perda de tempo. Para mim, é um dos tipos de sentimentos mais sincero que existe. Isso se houver uma tipologia no amor. E nunca alguém vai entender como um certo tipo se apaixonou por alguém telepaticamente. Mas a distância não impediu que eu te amasse. A distância é grande, mas o sentimento é, sem nenhum revés, maior. Santa, será que estarei eu a pedir demais ter-te comigo? Seria perigoso demais se acreditássemos no facto de um destino existir para nós? Não te vou dizer que seja fácil. Mas eu prometi esperar-te. És o claro na escuridão, o branco no preto, o candelabro no escuro, a esperança na guerra, és a mais perfeita mulher que os meus olhos acharam entre as mulheres, a pesar de mil defeitos. Queria saber qual é a sensação de ter quem eu mais amo do meu lado. Aceitas namorar comigo?…Meu Deus, e se ela disser não!? E se ela disser que já tem namorado e por isso não vai dar? Meu Deus, ajuda-me, o que farei então? Que palavras seguiriam a minha língua para traduzir o que realmente quero? E que palavras me seriam amistosas agora para dizer a ela o quanto a quero do meu lado?

Surpreendentemente, uma voz aproximou-se interrompendo a catarse dos meus pensamentos. Era, no entanto, a voz do meu pai a chamar-me.

– Tino….

– Tino….

– Tino….

Papai gritou, Tino…

– Pai. Desculpa, estava a pensar alto.

– Oh filho, então, onde estavas? Hoje é teu primeiro dia de aulas e já estás distraído, é isso? Ansiedade de mais em ter a primeira aula ou nem por isso?

– Nem por isso, pai.

– Então, diz lá, o que tu andaste por aí a pensar?

– A Santa, pai.

– Está bem, filho, eu entendo. Mas, filho, não fiques com medo. Isso é normal, a primeira vez. Eu senti-me assim também quando conheci a sua mãe. Hoje quando tu a vires, não digas nada, apenas sê tu mesmo e espera ela vir ao teu encontro. Isso significa que ela teve saudades. E quando estiveres a sós com ela em algum lugar da escola, na cantina ou por aí, diz tudo o que tens aí dentro. Tudo. Não guardes nada.

– Está bem, pai. Mas, pai, já fez dois anos que eu nunca disse nada a ela e esse é o último ano e queria que ela soubesse do resultado da agressão genética que ela causou em mim com a sua beleza.

– Filho, fica calmo e não te desconcentres. Disse ele e acresceu: “vais conseguir, amigão, sê firme. Agora me dá um abraço”.

– Bom trabalho, pai.

– Bons estudos, filho. Eu amo-te.

– Eu também te amo, pai.

O Tino saiu do carro, cumprimentou o segurança radiante, e juntou-se aos colegas, abraçando-os afectuosamente. Marcos era um dos seus melhores amigos na academia. Seus valores e princípios eram semelhantes. Ambos celebravam a amizade profunda e Marcos, sabendo da afeição de Tino por Santa, disse:

– Tino advinha quem está aí ma men!

– A Santa, é claro! RespondeuTino.

–É isso aí, meu caro. A Santa Joaquina e penso ser desta vez que tens que ser sério. Aquela conversa que tivemos ao telefone nas férias eu não a esqueci não, meu!

– Tem razão, brother, eu preciso de me declarar a ela e tem de ser para breve.

E avistando de longe a Santa, disse o Tino, olha para ela, seu sorriso é um encanto natural, sua voz é a melodia mais colorida que já terei ouvido. Ela é simplesmente linda aos meus olhos e no meio de todas, eu quero escolhê-la como minha namorada. Mas tu me falaste da Zenga e como ficou o teu caso? Perguntou Tino ao Marcos.

– Sonhador… Para de sonhar, vai dizer isso a ela. – Disse Marcos e acresceu: o meu caso é outro e precisa de uma outra abordagem. E por agora precisas de te conconcentrar no teu caso.

– Agora ainda não. Respondeu Tino. A professora de Língua Portuguesa já aí vem e por hoje teremos os dois primeiros tempos.

Desafiar as mentes jovens a pensar e criticar, é a missão dos professores pelo mundo todo e desafiar o mercado da vida com uma mente crítica e sagaz é a missão dos estudantes. E lá estava a professora com mais uma missão.

– Bom dia, turma. Comprimentou.

– Bom dia, senhora professora.

– Tomai os vossos assentos. Disse ela e acresceu:

Como vocês já sabem, eu sou a professora e coordenadora desta disciplina de Língua Portuguesa. Juntos analisaremos minuciosamente o livro Aparição de Vergílio Ferreira. Durante o semestre estaremos viajando nas ideias do autor, colocaremos a nossa mente à disposição de concorrer ao pináculo do saber. Pelo que, vos convido a comprar o livro de leitura obrigatória da décima segunda classe nesta instituição, pelo que o mesmo será o nosso objecto de estudo e a Gramática do Português Moderno bem como o tradicional Dicionário “Prestígio” de Português, fará parte desta viagem no espaço do conhecimento. Há alguma pergunta por acaso?

Silêncio total.

– Ok, então, vos convido a convidar as vossas mentes a um exercício, eu vou ler um texto e vocês acompanham.

Tristezas… Plural de um mar de sentimentos que chicotea a alma e o espírito. Paradigma de um coração provocado pelas lutas dessa sociedade humanamente desumana com a dor da bondade. É só por isso que eu não mais confio nela. Pois ela, a alma mo aliciou. Sem dó e sem piedade roubou-me o tudo que tinha e deixou-me no vazio do nada. Agora essa sociedade já não me é amistosa, pois nela não há mansidão e ignorou os meus sonhos, não visitou as minhas lágrimas e não enxugou as minhas tristezas. Usei as suas cores de preto no branco e do amarelo no vermelho para catapultar a sua fama e engrandecer o seu joio. Mas ele não deixou que me apaixonasse, transplantou-me a felicidade, e em troca a tristeza, me implantou na alma do meu espírito. E no âmago da minha dor, no labirinto da minha alegria triste e profunda de mais para minha alma e coração, ouvi um sussurro das lágrimas e das dores das lágrimas, uma voz de tristeza, mas com um soar de alegria. Mostrou-me o céu, mostrou-me o mar imperfeitamente perfeito, mostrou-me a felicidade escrita ao lado de alguém que não me parecia familiar, era esbelta e linda de mais para descrever… Perdoe a sociedade e ande comigo disse ele. Aí eu percebi que a voz no fundo era de Jesus.

– Ponto final. Autor é desconhecido e agora a vossa tarefa é dar um título ao texto e comentá-lo.

– Posso? – Perguntou Juelcy à professora.

– Claro, filha. Tenha bondade.

– Obrigada Senhora professora. Disse a Juelcy e acresceu: “A dor da alma. É esse o título que dou”.

– E porque a dor da alma? Perguntou a professora.

– Porque pressupõe um texto poético e autodiegético, e com uma linguagem corrente. O autor se apossa das palavras tristeza, alma e espírito para exprimir seus sentimentos profundos, causados pela solidão. E por ela, critica o comportamento da sociedade versus a desvalorização do ser humano em si. O autor ainda usa palavras como lágrimas, dor, bondade, mansidão e perfeição para fazer menção a Tristeza de uma alma insatisfeita por não se conformar com a realidade.

– Muito bem, Juelcy… mais alguém para argumentar?

– Sim, professora. Respondeu o Angelino.

– Então, Angelino, que título darias ao texto e diga o porquê.

– Esperança. Esse é o título que eu daria ao texto. Justificativa: É um texto poético, e tal como a colega Juelcy disse, eu confirmo ser autodiegético e o autor descreve a perturbação da sua agonia, diante da sociedade e atribui a culpa a ela pelo facto de havê-lo trazido à tristeza e solidão. Mas ao perder a sua amada vê-se agonizado. E aí, ele ouve uma voz, estranhamente, esperançosa, irreconhecível no princípio e que o convida a perdoar a sociedade pelos seus feitos maléficos. Percebe-se logo que, a voz irreconhecível no princípio e reconhecível no final era a de Jesus, tal como o autor desconhecido o descreve.

– Obrigado, Angelino. Mais alguém? Bem, o silêncio diz que não. Mas obrigada. Juelcy, obrigada Angelino. É esse tipo de exercícios e outros também, que faremos nesse livro “Aparição” de Vergílio Ferreira. E estou ciente dos vossos conhecimentos em Língua Portuguesa aprendidos através do professor Nascimento Dinis na décima e na décima primeira classe. É, pois, através destes conhecimentos que estaremos viajando nos feixes do pensamento de Vergílio ferreira e de certeza aprenderemos outras técnicas que sem nenhum revês nos ajudarão. Relativamente ao livro, quero dizer-vos, de antemão, que também a presença de um narrador autodiegético é uma característica determinante. O sujeito enunciador revela-se a si mesmo à medida que se vai apropriando linguisticamente do fluxo das vivências que decorrem no mundo, como é evidente nos textos de abertura e fechamento do romance, que, situados num tempo pós-trágico de reflexão, funcionam como parênteses que sugerem uma libertação da visão do narrador em face da acção contida entre eles: "Sento-me aqui nessa sala vazia e relembro". Portanto, a acção inicia-se com a chegada a Évora de um novo professor, Alberto Soares, no início de mais um ano lectivo. Alberto, o narrador, cedo se relaciona com o Doutor Moura, antigo colega do seu pai e o seu círculo familiar, nomeadamente Ana, casada com Alfredo Cerqueira, Sofia, de quem se tornará explicador de Latim e Cristina, a filha mais nova da família.

Neste espaço familiar, circulam também as figuras de Carolino, um dos seus alunos do Liceu e o engenheiro Chico, um amigo da família, espécie de neorrealista militante. O espaço urbano de Évora tem como contraponto o espaço rural da montanha onde Alberto viveu a sua infância, e ao qual temos acesso através de analepses que nos dão conta do crescimento dessa personagem, designadamente, a descoberta do seu próprio eu, em face de um espelho, o primeiro contacto com o não-sentido da morte e a aquisição de consciências da morte de Deus. Assim, o seu passado evolutivo vai iluminando o seu desenvolvimento no presente da ação principal: a interacção da sua verdade com aquela das outras personagens, oscilando entre os polos da aparição e da desaparição, da revelação e da dissimulação, da integração e da desintegração. A acção principal estrutura-se em dicotomias combinadas em triângulos trágicos: Alberto, Sofia e Carolino; Alberto, Sofia e Ana; Ana, Sofia e Cristina etc. Alberto é aquele que introduz o vírus da interrogação no seio da comunidade eborense: Era absolutamente necessário que a vida se iluminasse na evidência da morte e como professor, caber-lhe-ia, além disso, trazer respostas. No entanto, ele cumpre apenas ambígua e incompletamente esse estatuto. As suas interrogações desintegram definitivamente Sofia de quem será amante, e corporiza toda a despolaridade potencial que as interrogações comportam. E Carolino que destruído pela corrosividade das interrogações da vida e perplexo diante do poder que percebe em si, acabará por assassinar Sofia infelizmente, esta de quem também se tinha tornado amante.

Queridos estudantes, minhas senhoras e meus senhores, quando falamos das interrogações, falamos da problematização da vida em face da morte. E logo, perceberão, durante a leitura, que Alberto não cessa de verbalizar o absurdo da mortalidade, tal como ela é expressa no sacrifício de Cristina, a criança loura que tocava Chopin divinamente, sugerindo através da música uma autonomia da realidade humana. Todavia, é exactamente através da morte de Cristina que se torna possível a exaltação integral da condição humana desde as suas raízes mortais – a sua aparição.

A professora, olhando atentamente para os alunos, disse:

– Minhas senhoras e meus senhores, sejam bem-vindos ao mercado da vida. Aí onde a dor e lágrima são sacrificadas para a ressurreição da felicidade. Nas minhas aulas, é imperioso que tragam convosco o livro que será o nosso objeto de estudo, a gramática do Português Moderno que será a nossa ferramenta indispensável, o meio através do qual estudaremos morfológica e sintaticamente a natureza das palavras que foram convidados a construir o livro “Aparição”, e, sem vos esquecerdes, por favor, do Dicionário. Vós, no entanto, sereis autores das vossas notas. Haverá encenação dos personagens em forma de teatro e trabalharão arduamente nos textos. Esses exercícios bem feitos e mais outros que adiante actualizarei, determinarão a vossa passagem de ano. Sendo assim, está aberto o ano académico na disciplina de Português. Há alguma pergunta?

– Sim, professora. – Disse o Francisco.

– Diga Francisco.

– Onde encontraremos o material e quanto custa?

– Na secretaria do colégio, e os custos variam desde quatro mil a três mil kwanzas ou, contactar, por favor, o Padre Carlos. E mais alguma pergunta? Está bem, então, nada mais havendo, dou por terminada a nossa aula de hoje. Até a próxima.

– Até a próxima, Senhora Professora. Responderam os estudantes, entusiasticamente.

Era a hora do intervalo. A aula de português dividia opiniões entre os estudantes. Como isso seria feito? Perguntavam-se. Outros ainda aplaudiam a competência comunicativa e gramatical da nova professora. Ela é uma excelente professora. – Disse o Angelino ao Tino.

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